terça-feira, 9 de novembro de 2010

Três

 "-É difícil, está sendo mais doloroso do que eu pensava.. -concluia Melina sobre o que se passara. Exatos três dias haviam se passado desde que descobriu um outro jeito de tudo, ou melhor, do tudo dela. O tudo que se resumia a uma unica coisa, a que bastava, mesmo somente ela sabendo disso: ele. Ele não era o estereótipo perfeito que toda a garota sonha, nem que ela sonhava, mas vai saber por que diabos ela foi se apaixonar. Ele havia dado seu parecer e sua confissão, ela pensara, chorara e refletia sobre tal. Em alguns momentos encontrava- se despedaçada em trilhões de pedaços de um barato cristal, em outras seu ego era tão gigantesco que ela fingia até pra si mesma de que estava tudo bem.. ao alçar dos detalhes, antes do prévio fim, ela já previra isso. Não o fato, mas algo similar. 
 -'A morte lhe convém' -dizia algo dentro dela como um sussurro sutil, traição é traição. Por mais que tenha os velhos poréns, o fato não se altera. Era novamente a velha luta entre a razão e a paixão, que a controlava sem pudor. Era uma luta contra si mesma, na qual ela sabia que mesmo qualquer uma das partes ganhando, iria doer, e só quem iria ver isso seria ela, quem vivenciaria isso..ela. Mas do mesmo jeito, ela seria capaz de se arrepender de todos os pecados cometidos para ter mais uma vez, para conseguir conquistar ele e seria até capaz de passar por cima do acontecido. Não que seria o certo, mas seria o mais viável. Lágrimas escorriam dos seus olhos e alcançavam o seu queixo fino ao lembrar das palavras frias e concretas ditas à ela...não que o problema fosse ele, na verdade era ela. Ela poderia ter sido mais presente, mas amável, mais tudo..tudo um pouco mais. Mas há outros que dizem que ele não a mereceria seja qual fosse a forma, quem mente e engana uma vez, engana duas, três, e só se dá conta disso depois do fim. Fim? Eis algo que todos conseguiam enxergar, menos ela.. ela não tinha o controle da situação, se sentia uma simples peça do jogo fútil de sentimentos de uns com os outros, e mesmo se o tivesse, o que faria? Daria mais uma chance para a paixão ou ouviria a razão e se afastaria por completo dele, para já não mais 'interferir' no romancezinho barato entre aquele que a conquistou por tempos e uma outra qualquer, mas de sorte, que o conquistou e o tomou dela. Nenhuma solução mas um grande anseio: 
 -Meu corpo pede por mais, mais de você. Mas já que não te tenho comigo, o que eu posso é tentar ser feliz, lembrar de você em cada sorriso marcante e em cada anoitecer e amanhecer..porque todo o dia novo que for se raiar, eu vou lembrar que tenho uma nova chance de te conquistar e de te equalizar, mesmo que seja na calada dos gritos, nos devaneios perdidos..e continuarei fazendo planos, lembrando dos nossos e lembrando que já não existem. E quanto à minha rotina,não a quero mais, pois a parte mais agradável dela agora é a mais torturante. E olha, quanto à nós, escolha se sim ou se não, não posso estar sempre aqui, mesmo estando."


AONDE ESTÁ VOCÊ AGORA ALÉM DE AQUI, DENTRO DE MIM? 


Dezesseis- Legião Urbana (8)

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