quinta-feira, 18 de novembro de 2010

The Wanderlust (the last seventeen days)- II

 "(..) Aquele sentimento prematuro e intenso estava diferente..ele parecia distante, desviava- se quando o assunto da conversa era eles e dava um jeito de adiar o encontro deles. Mas ele negava absoluto, dizia que quando fosse o momento em que não daria mais certo, ele falaria diretamente e que isso estava longe, pois o que ele sentia por ela, mesmo sem saber certamente o que era, significava muito.
 Porém, depois de mais de sessenta dias sem se ver (ela em agonia por sentir falta dele, ele talvez também, mas inseguro de suas palavras e atitudes), veio o ultimato: diz ele que, enquanto embebido, havia ficado com outras garotas e também, que tinha percebido que o que sentira pela sua ex ainda estava vivo e que após eles se verem  pelo acaso, ele estava confuso e havia voltado com ela. A andarilha explodiu.. ficou revoltada com a falta de caráter ou de sinceridade por esconder aquilo por tanto tempo, por pelo menos trinta dias ter sido enganada e acima de tudo, a quebra de promessas. Em primeiro momento, era como se ela tivesse sido atingida por vários canivetes, que perfuravam sua pele bem sutilmente. Doeu, mas não era pra doer.. e por não suportar isso, palavras frias, sujas e sinceras foram cuspidas nele, oras, era mais que certo jogar pra fora tudo que estava engasgado, tudo que estava a impedindo de respirar.Ia doer nele, mas ele tinha que ver o que havia causado pra ela, sentir na mesma intensidade. Começou então um processo de desapego e de despedidas dolorosas, ela percebeu que amava ele então não se importava com o fato daquilo, só queria pensar e olhar para frente, queria estar com ele em todos os amanhã de hoje, ter a certeza de que teria um dia a mais sempre que fosse necessário. Ela ficou entre a cruz e a espada e se viu num dilema, no qual havia a paixão e a razão: um dizia que era sensato sumir, o esquecer e se vingar; o outro o queria mais próximo do que antes, simplesmente o queria ver feliz, de preferência ao seu lado.
 Em meio à isso, a rotina da andarilha desiludida foi se quebrando e se reconstruindo ao mesmo tempo, em cima do nada. Mas não...aquilo que sentiam era incontrolável tanto para ele quanto para ela, e nem o fato dele estar junto da outra ajudava, sentia de impulso para ela sentir vergonha na cara e perceber que aquele já não era mais o seu lugar. Até que então, no âmago da saudade e da vontade de um pelo outro, se viram novamente, a tal da ultima vez então. As palavras doíam muito mais com ele em sua frente e de fundo, tocava na mente dela as baladas mais lentas que já havia ouvido. Era torturante. E então a agonia aumentou, o fato de ele estar em sua frente e estar mantendo sua promessa perante a sua ex atual era o fim. Aquela agonia não era só ela quem sentia, dava pra ver no semblante dele isso. Foi inevitável. O melhor beijo que ela já havia provado aconteceu, seus lábios se encontraram e num piscar de olhos, todo aquele 'adeus' parecia uma simples mentira. Mas foi a ultima vez. Naquela tarde foram tantas despedidas numa só. A andarilha, ciente de que ele não a pertencia mais, citou poemas de Vinicius de Moraes e Manuel Bandeira como uma forma de agrado, logo depois partindo. 
 Tudo que existiu entre os dois foi puro, mágico e, apesar de ter tido um final precipitado, o que aconteceu está preservado e assim ficará.
 Querendo como objetivo a felicidade dele, a andarilha resolveu tentar esquecê- lo sem esquecer. Tinha que enterrar o que havia acontecido mas não conseguia pensar no fato de sumir da vida dele. Ele era a rotina dela, e ela a dele e isso estava acima. A amizade que criaram no começo ainda existe e é o que irá os unir agora. Os momentos foram gravados em todas as paredes da casa dele, e o cheiro dele grudado na mente dela. A parte mais difícil é ela entregar o seu respirar a quem já tem ar, ajudar ele a ficar bem e a dar certo o relacionamento dele com ela.
 Mas enquanto isso não se realiza, a andarilha volta. Volta para aquilo antes dele, volta a sua busca de si mesma, lembra da realidade e ao mesmo tempo, tenta fazer não sangras mais as feridas que este causou. Desapego físico e mental.
 -Ah se não fosse o show daquele cantor desgraçado! -dizia ela, lembrando do começo e escrevendo sobre o seu romance renegado que ela não quer esquecer de lembrar."

Muda- Esteban (8)
(baseado em fatos reais.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário